terça-feira, 20 de julho de 2010

O Medo que lhe prendeu a voz fê-la perder o seu maior desejo...

Ela sabia-o, esperava que tudo o que havia feito até ali fosse o suficiente, mas sabia que não, ela sabia que devia ter dito tudo aquilo que guardou para si, sabia que devia ter ignorado o medo, o receio que se lhe infiltrava na mente. Mas acreditou que o passado ia ser um pilar para aguentar o futuro que desejava...


Pergunta-se agora se todos os sinais teriam sido a sua má interpretação ou se fora o seu medo que lhe tirara a vez... Talvez a sua mente quisesse fixar-se a algo seguro depois da agonia que haveria ultrapassado nos últimos meses, talvez o seu corpo sentisse mais cada carinho por toda a falta de afecto que havia sofrido nos últimos meses... A dor assaltou-a de repente, não era suposto doer daquela maneira... Ela não queria atar-se a ninguém, apenas sentia-se bem ao estar na sua companhia... A sua amizade, o seu amor, eram incondicionais, são! Nada havia mudado isso... nem mesmo aquela dor latejante que aquelas palavras cortantes haviam causado nas suas entranhas... Ela esperava ter encontrado o seu ponto de conforto, a sua segurança ali, pois sabia que ninguém iria sentir o que ela sentia, ela esperava ter encontrado salvação, libertação para a dor... Havia tanta coisa que lhe queria dizer mas não sabia como...

Agora voltou de novo ao seu cantinho escuro, onde espera que uma mão a puxe para a claridade... E resta-lhe manter-se ao seu lado, como sempre fizera, como sempre fará, porque apesar de tudo, era eterno, a amizade é um amor imortal... E apesar de tudo ela não quer nada mais para além de poder estar a seu lado, de poder cuidar do seu coração, aliviar a sua dor, guiar a sua mente, ouvir a sua voz... Mesmo que o troco seja nulo pois não é isso que lhe importa. E embora a chama se tenha apagado o seu coração guardará sempre uma brasa pronta a arder de novo...

Mas não peçam para dizer: Não dói!, porque dói, e mesmo que a sua maior felicidade seja ver a felicidade no seu rosto, dói... Talvez por não saber se foi o medo que prendeu a voz o culpado da perda deste desejo...