segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Have a Nice Day



When the world gets in my face I say: Have a Nice Day!

domingo, 22 de agosto de 2010

Nobody said it would be easy, nobody said it would be this hard...

Lá, na areia da praia, a admirar o mar e como o sol se funde com ele, como dois eternos amantes, a ouvir o som do rebentar das ondas contra as rochas... a sua mente fluía, sem lhe obedecer mostrava-lhe o que ela queria e não queria ouvir, o queria e não queria ver... percorreu cada canto mais obscuro fazendo-a ver, rever, sentir... Fez-la reviver os desejos, as angústias, de novo, e de novo... Trouxe tanta felicidade e tanta dor, que os seus olhos não conseguiram conter...
No caminho de volta, sentia-se exausta com o turbilhão de sentimentos libertos pela sua própria mente... Sentia-se fraca por não conseguir nem controlar os seus próprios pensamentos, eram como demónios, tinham vida própria e o único propósito era sugar-lhe toda a sua energia. Nessa noite, deitou-se pesadamente na sua cama, o seu edredon parecia-lhe mais confortável que nunca, mas nem com toda aquela exaustão conseguia adormecer, o quarto parecia observá-la, o pequeno sofá no canto, o puff do seu lado esquerdo, o pequeno candeeiro na mesinha da direita, o pequeno elefante de barro parecia acusá-la de algo, as mãos que seguram os seus pendentes pareciam indicar-lhe algo enquanto pedem socorro, as velas apagadas parecem acender-se com uma chama de fúria outras de dor, os livros pareciam grandes bocas cheias de palavras que a assustavam e acalmavam e o espelho que tem na sua frente onde encontrou o reflexo dos seus olhos assustados, reflectiu todos os seus medos, todas as suas fraquezas...
Agora, ali, quando tudo parecia atacá-la, magoá-la, quando tudo estava contra si e ela se sentia como se estivessem a torcer uma faca no seu coração, ela tomou uma decisão...
Num acto de fúria, cansada de tudo, acendeu as velas uma por uma, observou-as a arder por segundos e derrubou-as todas em apenas um gesto... Sentou-se de novo na sua cama e viu o seu pequeno sofá a arder, o pequeno elefante estalar, os colares arderem até chegarem aos dedos das mãos que os seguram, as palavras dos livros a serem devoradas pelas chamas o espelho a derreter, as paredes a ficarem negras o fumo por todo o quarto e ele chegou, o fogo chegou a seu corpo, o fumo envolveu-a e adormeceu-a enquanto o fogo consumia lentamente cada tecido do seu corpo... Terminou ali. Aquela pequena assustada com todos até consigo mesma terminou ali. E das cinzas? Das cinzas renasci, pronta para lutar, pronta para seguir em frente!

terça-feira, 20 de julho de 2010

O Medo que lhe prendeu a voz fê-la perder o seu maior desejo...

Ela sabia-o, esperava que tudo o que havia feito até ali fosse o suficiente, mas sabia que não, ela sabia que devia ter dito tudo aquilo que guardou para si, sabia que devia ter ignorado o medo, o receio que se lhe infiltrava na mente. Mas acreditou que o passado ia ser um pilar para aguentar o futuro que desejava...


Pergunta-se agora se todos os sinais teriam sido a sua má interpretação ou se fora o seu medo que lhe tirara a vez... Talvez a sua mente quisesse fixar-se a algo seguro depois da agonia que haveria ultrapassado nos últimos meses, talvez o seu corpo sentisse mais cada carinho por toda a falta de afecto que havia sofrido nos últimos meses... A dor assaltou-a de repente, não era suposto doer daquela maneira... Ela não queria atar-se a ninguém, apenas sentia-se bem ao estar na sua companhia... A sua amizade, o seu amor, eram incondicionais, são! Nada havia mudado isso... nem mesmo aquela dor latejante que aquelas palavras cortantes haviam causado nas suas entranhas... Ela esperava ter encontrado o seu ponto de conforto, a sua segurança ali, pois sabia que ninguém iria sentir o que ela sentia, ela esperava ter encontrado salvação, libertação para a dor... Havia tanta coisa que lhe queria dizer mas não sabia como...

Agora voltou de novo ao seu cantinho escuro, onde espera que uma mão a puxe para a claridade... E resta-lhe manter-se ao seu lado, como sempre fizera, como sempre fará, porque apesar de tudo, era eterno, a amizade é um amor imortal... E apesar de tudo ela não quer nada mais para além de poder estar a seu lado, de poder cuidar do seu coração, aliviar a sua dor, guiar a sua mente, ouvir a sua voz... Mesmo que o troco seja nulo pois não é isso que lhe importa. E embora a chama se tenha apagado o seu coração guardará sempre uma brasa pronta a arder de novo...

Mas não peçam para dizer: Não dói!, porque dói, e mesmo que a sua maior felicidade seja ver a felicidade no seu rosto, dói... Talvez por não saber se foi o medo que prendeu a voz o culpado da perda deste desejo...














quarta-feira, 19 de maio de 2010

O Inverno mais gelado fez-te perceber a importância daquele calor...




Anos e anos andou perdida, a caminhar sem rumo por um mundo desconhecido, sozinha, incapaz de se juntar a alguém ou criar laços, uivando aos ventos, chorando por dentro, soltando gemidos gelados e cortantes, o seu corpo trémulo enfraquecido pelas noites geladas do Inverno... Vivia para sobreviver...


Refugiava-se nas sombras, escondendo-se daquilo a que chamamos viver. Até aquele dia, um simples momento... Haveria encontrado outro ser tão perdido quanto ela. A sua vida ganhou uma nova forma, foi elevada a uma felicidade suprema, uma estabilidade ilusória. Um ser ingénuo, este pequeno ser, deixou-se cair por aquele esperto manipulador... Um ser egoísta e maldoso que não via além do seu próprio bem-estar e segurança. Apenas se preocupando com a sua própria evolução, não se preocupando com mais nada em seu redor... E esta pequena criatura, já de natureza isolada, isolou-se ainda mais, vivendo apenas com e para ele...


Mas a pequena sentiu o coração gelar de novo, e não, desta vez não era o Inverno que trouxera o frio, os seus últimos três Invernos tinham sido passados com o coração aquecido e o seu sangue havera fluido mais fervente que nunca nas suas veias, portanto não, não era de tudo o Inverno o culpado. Ela tinha visto, e ao entender, ao ver, o seu sangue gelou, agora a única coisa que ardia era aquela mistura de raiva e dor que a consumia. Estava imóvel, petrificada, as suas garras saiam para fora mas num movimento involuntário, o seu corpo não obedecia, soltava um rugido do fundo da sua garganta e aí os olhos cruzaram-se... quando os olhos se cruzaram ela viu, viu a verdade e fugiu, os músculos finalmente obedeceram e ela fugiu, fugiu sem olhar para trás porque desta vez não era um arrufo, desta vez ela foi embora de vez. Desta vez a dor não a permitiu voltar, o caminho de volta até ele era revestido por espinhos, demasiado penoso para uma recompensa tão inconstante.


Deu a volta, voltou a cruzar caminhos que outrora conhecia tão bem, seguiu vagueou em busca de algo que nem ela mesma sabia o que era. O vento é agora o seu guia. E o vento levou-a de volta para junto daqueles de quem se haveria separado há muito ou de quem nunca se havera realmente aproximado, e lá encontrou alguém que a acolheu, e pelo qual desenvolveu uma aliança tão forte que a defenderia com a sua vida... Com esta veio a coragem para criar novas... Que se vieram a tornar igualmente importantes. E a certo ponto vê-se com três laços incrivelmente fortes que mantém a sua vida... E assim, mantém-se numa posição protectora mantendo-o os três por perto, funcionando como uma pequena alcateia em que se luta um pelos outros... E tenta protegê-los de modo a que nem por um segundo seja possível que sejam magoados... E para ela, os Invernos deixaram de ser tão gelados, esta pequena alcateia é envolvida por um calor alimentado por um combustível a que chama amizade...


Assim, agora, a pequena criatura tem cada elemento como um órgão vital para si... E daria tudo, daria a vida e venderia a alma se necessário, pelo bem de todos e de cada um. E agora, embora mantendo a sua natureza desconfiada e retraída, está mais aberta às novas ligações... Conservando o seu núcleo de segurança, mas permitindo a aproximação de outros pequenos lobos. Baixando ligeiramente a guarda mas ainda assim atacando a qualquer mínima ameaça...


Pois vocês são demasiado importantes para que permita que vos magoem e eu estou demasiado calejada para deixar que lobos traiçoeiros me cravem os dentes no coração...

Perdida numa rua familiar...



Vagueia pelas ruas, ruas familiares que parecem não se alterar com o passar do tempo... Vagueia agora por elas, sozinha, as mesmas ruas que outrora a fizeram sorrir, que testemunharam a felicidade no seu rosto são as mesmas ruas que agora lhe provam que tudo não passa de uma recordação, que nada é eterno e tudo tem um fim. Todos aqueles momentos em que os sorrisos eram verdade, todas aquelas experiências, todos os sentimentos que ali começaram ou cresceram se apagaram, fazendo apenas parte de uma névoa do passado...

Agora as ruas já não têm o mesmo efeito nela, já não lhe trazem a felicidade apenas a relembram que ela é, agora, apenas uma sombra do que haveria sido no passado. Agora já ninguém a acompanha naquelas ruas, agora aquelas ruas perderam o brilho, perderam a cor, agora são sombrias, cinzentas, frias... Agora ela caminha sozinha, a sua sombra é a única que a acompanha, ela é agora também uma sombra de si mesma... Gostaria de dizer que o seu coração batia mas até este está tão desfeito que perdeu a vontade de bater. Ela é apenas uma alma perdida que teima em caminhar as mesmas ruas, rodeada pelas mesmas caras, pois alguém lhe roubou a força para ir mais longe e o sentido de orientação para saber que caminho tem que tomar...

Restam-lhe agora os sonhos, os pensamentos, a vida que criou dentro da sua cabeça, que deve ser provavelmente a única coisa que mantém a sua sanidade... Que mantém aquele corpo inteiro, aquele coração que mal se aguenta seguro, aquela alma está coberta por uma pele que rasga e não cura. E ela sonha... Sonha com o que não tem, bem sonhamos todos... Digo, sonha com o que era suposto todos termos mas não tem. E deixou de acreditar, já não acredita nas pessoas, nem em nada mais, tudo à sua volta é uma mentira fria e cruel... Por vezes lembra-se que deve haver alguém no mundo que se sente da mesma forma mas sente a dor de novo a atacá-la e logo se esquece... Sente-se envolvida por uma manta espinhosa que verte ácido até às entranhas da sua alma...

Triste que isto a envolva de tal modo que ela não se permite a si mesma sentir-se feliz de novo, pois sabe que a dor da perda é demasiado grande e da próxima vez ela pode não ser capaz de superá-la... Refugia-se nesta escuridão e constrói um muro em volta de si mesma, um muro que a cada dia que passa se fortalece...

E agora perco-me, perco-me dentro de mim mesma e é mais fácil, é mais fácil perder-me sozinha do que perder-me com alguém e é de longe mais fácil do que tentar encontrar-me... Não me quero, por isso, encontrar talvez, um dia, me deixe ser encontrada...