domingo, 22 de agosto de 2010

Nobody said it would be easy, nobody said it would be this hard...

Lá, na areia da praia, a admirar o mar e como o sol se funde com ele, como dois eternos amantes, a ouvir o som do rebentar das ondas contra as rochas... a sua mente fluía, sem lhe obedecer mostrava-lhe o que ela queria e não queria ouvir, o queria e não queria ver... percorreu cada canto mais obscuro fazendo-a ver, rever, sentir... Fez-la reviver os desejos, as angústias, de novo, e de novo... Trouxe tanta felicidade e tanta dor, que os seus olhos não conseguiram conter...
No caminho de volta, sentia-se exausta com o turbilhão de sentimentos libertos pela sua própria mente... Sentia-se fraca por não conseguir nem controlar os seus próprios pensamentos, eram como demónios, tinham vida própria e o único propósito era sugar-lhe toda a sua energia. Nessa noite, deitou-se pesadamente na sua cama, o seu edredon parecia-lhe mais confortável que nunca, mas nem com toda aquela exaustão conseguia adormecer, o quarto parecia observá-la, o pequeno sofá no canto, o puff do seu lado esquerdo, o pequeno candeeiro na mesinha da direita, o pequeno elefante de barro parecia acusá-la de algo, as mãos que seguram os seus pendentes pareciam indicar-lhe algo enquanto pedem socorro, as velas apagadas parecem acender-se com uma chama de fúria outras de dor, os livros pareciam grandes bocas cheias de palavras que a assustavam e acalmavam e o espelho que tem na sua frente onde encontrou o reflexo dos seus olhos assustados, reflectiu todos os seus medos, todas as suas fraquezas...
Agora, ali, quando tudo parecia atacá-la, magoá-la, quando tudo estava contra si e ela se sentia como se estivessem a torcer uma faca no seu coração, ela tomou uma decisão...
Num acto de fúria, cansada de tudo, acendeu as velas uma por uma, observou-as a arder por segundos e derrubou-as todas em apenas um gesto... Sentou-se de novo na sua cama e viu o seu pequeno sofá a arder, o pequeno elefante estalar, os colares arderem até chegarem aos dedos das mãos que os seguram, as palavras dos livros a serem devoradas pelas chamas o espelho a derreter, as paredes a ficarem negras o fumo por todo o quarto e ele chegou, o fogo chegou a seu corpo, o fumo envolveu-a e adormeceu-a enquanto o fogo consumia lentamente cada tecido do seu corpo... Terminou ali. Aquela pequena assustada com todos até consigo mesma terminou ali. E das cinzas? Das cinzas renasci, pronta para lutar, pronta para seguir em frente!

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